Matéria publicada no site da EXAME.COM
http://exame.abril.com.br/tecnologia/ciencia/noticias/einstein-nao-estava-errado-sobre-a-expansao-do-universo
Londres - A Teoria da Relatividade de Albert Einstein é 'incrivelmente precisa', segundo um estudo publicado nesta sexta-feira, que ressalta os acertos dos cálculos do físico alemão na hora de explicar a expansão do Universo.
Assim, a expansão do Universo poderia ser explicada mediante a teoria de Einstein e a constante cosmológica, uma combinação que representa a resposta 'mais simples' para este fenômeno, segundo os especialistas.
Os pesquisadores se centraram no período compreendido entre 5 bilhões e 6 bilhões de anos, quando o Universo tinha quase a metade da idade de agora, e realizaram medições com uma precisão 'extraordinária'.
A Teoria da Relatividade de Einstein prediz a velocidade pela qual galáxias muito afastadas entre si se expandem e se distanciam entre si, e a velocidade com a qual o Universo deve estar crescendo na atualidade.
Estes resultados são, segundo a pesquisadora Rita Tojeiro, 'a melhor medição da distância intergaláctica já feita, o que significa que os cosmólogos estão mais perto que no passado de compreender por que a expansão do Universo está se acelerando'.
Neste processo parece ter um grande protagonismo a energia do vazio, relacionada com o período inicial da expansão, e segundo alguns astrofísicos também com a aceleração da expansão do Universo.
Na opinião de Rita, o melhor da Teoria Geral da Relatividade de Einstein é que ela pode ser comprovada e que os dados obtidos neste estudo 'são totalmente consistentes' com a noção de que esta energia do vazio é a responsável pelo efeito de expansão.
Segundo os especialistas, esta confirmação ajudará os cientistas a compreender melhor o que é que causa este misterioso processo e por que ele acontece.
Eles também esperam avançar na pesquisa da matéria escura, aquela que não emite suficiente radiação eletromagnética para ser detectada com os meios técnicos atuais, mas cuja existência pode ser deduzida a partir dos efeitos gravitacionais que causa na matéria visível, tais como as estrelas e as galáxias.
Os físicos calculam que a matéria escura representa cerca de 20% do Universo, e o estudo publicado nesta sexta parece apoiar sua existência.
'Os resultados não mostram nenhuma evidência de que a energia escura seja simplesmente uma ilusão fruto de nosso pobre entendimento das leis da gravidade', acrescentou Rita.
Uma melhor compreensão da matéria escura ajudaria a entender por sua vez de que são feitos os buracos negros.
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Ninguém pode ser mais admirador de Einstein do que eu. Sou macaca de auditório. Mas ninguém é perfeito. Ninguém está sempre certo e todos podem cometer erros e os cometem. Todas conclusões a que Einstein chegou no desenvolvimento da teoria da relatividade estavam corretas e se mantêm íntegras até hoje, mas houve um aspecto em que Einstein cometeu o que ele mesmo veio a chamar depois de "o maior erro de sua carreira".
A teoria da relatividade funcionava perfeitamente para todos os fenômenos, mas na época de sua formulação acreditava-se que o universo fosse estacionário, isto é, não estaria em expansão nem em contração e isso trouxe um problema. Se todas as galáxias estivessem imóveis umas em relação às outras, inevitavelmente a gravidade começaria a atrair umas em direção às outras e essa atração iria aumentando cada vez mais à medida em que as galáxias ficassem mais próximas (a gravidade é diretamente proporcional à massa e inversamente proporcional ao quadrado da distância). Com o passar do tempo, todas as galáxias iriam se chocar. Como resolver este problema? Como explicar um universo estático e eterno?
Foi então que Einstein resolveu inventar o que ele chamou de constante cosmológica (conhecida como força lambda) e que seria uma força exatamente igual à gravidade, só que com efeito inverso. Enquanto a gravidade faria as galáxias se atraírem, a força lambda seria uma repulsão que empurraria as galáxias umas para longe das outras. Sendo da mesma intensidade que a gravidade, as duas forças se anulariam e o universo poderia continuar estacionário. Essa constante cosmológica foi calculada para compensar a atração exercida pela gravidade e com isso as equações matemáticas passaram a dar o resultado correto como era de se esperar.
Entretanto, com a hipótese teórica da expansão do universo através do astrônomo neerlandês Willem de Sitter utilizando as equações da Relatividade Geral em 1917, contra a qual Einstein lutou, ocorreram experiências e a ideia foi depois confirmada em 1929 pelo astrônomo americano Edwin Hubble com a observação do afastamento de galáxias através do Desvio para o Vermelho "redshift" (que obedece à Lei de Hubble-Homason). Foi o golpe mortal na invenção de Einstein de uma constante cosmológica que possibilitaria tornar o universo imóvel e eterno e ela acabou sendo descartada.
Passou-se o tempo e ninguém cogitou mais no assunto até que a descoberta de que a expansão do universo está acelerando na década de 1990 renovou o interesse pela constante cosmológica. Agora não é mais um recurso para que as fórmulas matemáticas permitam a existência de um universo imóvel e estático e sim porque a expansão do universo está se acelerando e isso só pode se dever a alguma força desconhecida que está fazendo as galáxias se repelirem umas às outras, exatamente um efeito contrário ao da gravidade. Ao invés de a gravidade estar freando essa expansão, alguma força a está acelerando.
Esse foi o motivo que fez com que se lembrasse o "maior erro da carreira de Einstein" e confirmar que realmente existe alguma força fazendo com que as galáxias se repilam, mas agora não é mais para manter o universo estático e eterno e sim para acelerar cada vez mais a sua expansão.
Por isso, não está correta a informação de EXAME.COM quando dá a manchete: "Einstein não estava errado sobre a expansão do Universo. A Teoria da Relatividade de Einstein prediz a velocidade pela qual galáxias muito afastadas entre si se expandem e se distanciam entre si'
Pelo contrário, Einstein lutou até o fim contra a hipótese de o universo estar em expansão e só se rendeu quando a experiência de Hubble comprovou essa expansão.
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