quinta-feira, 9 de junho de 2011

O mal existe?


Alemanha
Inicio do século 20
Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?”
Um aluno respondeu valentemente:
“Sim, Ele criou.”
“Deus criou tudo?”
Perguntou novamente o professor.
“Sim senhor”, respondeu o jovem.
O professor respondeu,
“Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?”
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito.
Outro estudante levantou a mão e disse:
“Posso fazer uma pergunta, professor?”
“Lógico.” Foi a resposta do professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
“Professor, o frio existe?”
“Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?”
O rapaz respondeu:
“De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é susceptível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia.
O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor”
“E, existe a escuridão?”
Continuou o estudante.
O professor respondeu: “Existe.”
O estudante respondeu:
“Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. A luz pode-se estudar, a escuridão não!
Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas.
A escuridão não!
Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz.
Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?
Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente”
Finalmente, o jovem perguntou ao professor:
“Senhor, o mal existe?”
O professor respondeu:
“Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal.”
E o estudante respondeu:
“O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus.
Deus não criou o mal.
Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz.
O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações.
É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.”
Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado…
Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?
E ele respondeu:
“ALBERT EINSTEIN.”
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Em primeiro lugar, Einsten nunca foi aluno da Universidade de Berlim. Ele foi professor lá, mas não aluno.
Examinando essa história à luz dos preceitos da lógica verificamos:
A comparação que o aluno faz entre o frio, a escuridão e o mal é errada. Trata-se de um sofisma, porque não constituem fenômenos da mesma classe.
Diz o aluno que o frio não existe, porque não é um fenômeno em si, mas trata-se tão somente da ausência do calor.
Está correto.
Diz o aluno que a escuridão não existe, porque não é um fenômeno em si, mas trata-se tão somente da ausência do luz.
Está correto.
Diz o aluno que o mal não existe, porque não é um fenômeno em si, mas trata-se tão somente da ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus.

Aí é que o aluno incorre em erro, porque ele provou que tanto o frio como a escuridão não têm existência própria, sendo tão somente a ausência de fenômenos que efetivamente existem, como o calor e a luz.
O frio não é o contrário do calor, mas tão somente a sua ausência, da mesma forma que a escuridão não é o contrário da luz, mas tão somente a sua ausência.
Mas ausência do bem não é o mal, como ele alega. A ausência do bem é a indiferença e não o mal.
Quando você passa por alguém ferido, faminto ou doente, o bem faz com que você queira ajudar. Você sente empatia com aquela pessoa e procura suprir suas necessidades, levando o ferido a um hospital, dando alimento ao faminto e providenciando um exame médico para o ferido.
ISSO É O BEM.
Na ausência do bem, você não sente empatia com a pessoa, olha para ela e não sente pena, não se importa com o seu sofrimento.
O QUE VOCÊ SENTE NÃO É O MAL, MAS A INDIFERENÇA.
O mal existe, porque quando você passa por alguém que está íntegro, gozando de perfeita saúde e bem alimentado e fere essa pessoa, espanca, estupra, tortura ou mata, não está implesmente demonstrando indiferença ou ausência do bem. Você está conscientemente produzindo um resultado danoso e isso é muito diferente da indiferença. É o oposto do bem e não apenas a sua ausência.
Assim, podemos concluir que se o mal realmente existe e foi criado por alguém, esse alguém teria o mal em sua natureza.
Está comprovado que Deus não existe ou que é mau?
Negativo!
Na verdade, o calor é um fenômeno físico consistente na vibração das moléculas de uma substância denominado “movimento browniano” e pode ser medido facilmente por um instrumento simples como o termômetro.
A água pode estar a zero graus (gelo), 10 graus, 20 graus, trinta graus, etc.
O zero absoluto, ou seja, quando não existe movimento browniano é corresponde à temperatura de -273,15 °C.
A luz também é um fenômeno físico consistente na radiação eletromagnética no espectro da luz visível e na emissão de fótons e pode ser medido facilmente por um instrumento simples como o fotômetro.
A luz pode ser medida em Lux (símbolo lx )(No Sistema Internacional de Unidades), é a unidade de iluminamento. Corresponde a incidência perpendicular de 1 lúmen em uma superfície de 1 metro quadrado.
A iluminação pode ser de um Lux, dez luxes, vinte luxes, etc.
A ausência total de lux corresponde ao que nós chamamos de escuridão.
Por outro lado, já o bem não é um fenômeno físico que possa ser medido por um instrumento.
Tanto o bem quanto o mal não têm existência própria. Não foram criados por um ser bom ou mal.
O bem e o mal não conceitos morais vigentes em determinada sociedade em uma determinada época.
Eles variam com a variação geográfica e com a variação temporal.
A própria igreja católica já queimou, na Idade Média, muitas pessoa por serem feiticeiras, hereges, contrárias a seus ensinamentos. Galileu escapou “fedendo” da fogueira porque aceitou dar três voltas na Torre de Pizza repetindo que “ A terra não se move”. Ao final teria murmurado “Ma si muove”.
A Igreja Católica estava praticando o bem quando queimava as feiticeiras e os hereges. Hoje, nós execramos essa atitude.
Existem lugares onde o clitóris das filhas mulheres são amputados para que elas não venham a sentir prazer com a relação sexual e assim não venham a trair seus maridos. Isso é considerado bem por eles. Você acha que isso é bem ou mal?
No Iran, uma mulher foi recentemente condenada a morrer por apedrejamento por ter traído seu marido após a morte deste. Antes da execução, a grita mundial foi tão grande que eles mudaram a execução para enforcamento e inventaram que ela tinha participado da morte de seu marido.
No mesmo Iran, os homosexuais são enforcados em nome de Alah.
Na Arábia Saudita as mulheres que saem à rua exibindo um centímetro que seja de sua pele são espancadas pelas patrulas religiosas.
Chega. Vocês já perceberam que o que é bem para determinadas pessoas em determinadas época é um mal terrível para outras pessoas em outro lugar ou em outra época.
Resumindo: o Bem não existe e o mal também não existe.
São simplesmente convenções sociais.
O professor na história está tão errado quanto o aluno!

ISSO É A LÓGICA

Um abraço,

    Alzir Carvalhaes Fraga
     alzirfraga@gmail.com

7 comentários:

  1. O seu texto é interessante, mas sua conclusão não é coerente. Veja só, o "bem" e "mal" são conceitos, mas isso não significa que eles não "existam". A palavra existir não precisar ter esse sentido ontológico que você atribuiu a ela.

    Gostaria de acrescentar ainda que existe uma disciplina chamada ética, que tenta definir o que é moralmente correto ou não sem cair nesse extremo relativismo moral. Quero dizer, nem tudo que se define como moralmente correto é simplesmente algo que em uma determinada época nós convencionamos ser assim. Causar sofrimento desnecessário e sem motivo, é moralmente errado, independente de uma cultura inteira considerar correto.

    Se não aceitarmos que existe um "certo" e "errado", seríamos incapazes, sem incorrer em arbitrariedade, dizer que o estupro, o homicídio ou a escravidão são moralmente condenáveis. O estudo da ética mostra por qual razão, independente da época e da cultura de um povo, a escravidão (por exemplo) foi e sempre será condenável.

    Sugiro que leia obras filosóficas de filósofos utilitaristas, acho que combina mais com sua linha de raciocínio.

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    1. "Tudo é relativo"
      Ética é diretamente relacionada com a sociedade de onde se vive.

      Apesar de que as palavras que usamos sejam termos, o mundo funciona seguindo leis, e tal como a água é molhada por uma série de princípios físicos, e gelo é sólido, e ganha até outro nome, mas na realidade, continuam sendo água, ou H2O, se ajudar a entender.


      A explicação não é relacionada a filosofias humanas, mas sim a fatos, pois tais fatos são independentes se sabemos como funciona ou não, e hoje em dia, muitos desses nós já conhecemos.


      É correto matar uma mulher estuprada e que engravida em certos países muçulmanos, assim como era correto queimar pessoas que eram consideradas bruxos, feiticeiros ou mesmo héreges por crentes cristãos.

      Tudo isso são/eram considerados morais por preceitos humanos, baseados no conhecimento/ignorância e crenças da época.

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  2. Fernando atente para "São convenções sociais"

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  3. Agradeço ao Maiko e ao Antonio pela ajuda. Não me sinto com ânimo para debater. Acho que é a idade.

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  4. Como podemos aceitar como ética, algo criado por homens; por que eu deveria seguir algo que alguém disse que é ético, só por que ele disse? Ele é melhor do que eu? Não há um correto e um errado no mundo todo, há muitas culturas diferentes e cada uma deve decidir de sua forma.

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  5. Seu texto foi muito bom, mas deixou a desejar na conclusão.
    Arrancar a clitóris de uma mulher é um grande mal mesmo que as pessoas envolvidas não tenham essa percepção.
    Se uma arvore cai na floresta acontece o barulho mesmo que não tenha ninguém para ouvir.
    Mas a parte da “indiferença” foi sublime, parabéns!

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  6. Sou "correspondente" do Terapia da Lógica.

    O "bem" e o "mal" existem.
    O "bem" é o que nos mantêm vivos.
    O "mal" é toda prática contra a vida e contra a segurança dos seres.
    Por isso,os costumes sociais se alteram ao longo do tempo.
    A "consciência dos princípios" evolui.

    Existe uma moralidade mais superficial, que determina hábitos mecânicos,mas que na verdade,é perfeitamente mutável.
    Todavia,existem as regras da sobrevivência,e da convivência.
    Essas,são "para sempre".
    Os que vivem "de outro modo",na verdade,sabem que estão sendo prejudiciais,e se sentem em "desalinho" com isso.
    Mas,quando essa sensação se fortalece em todos,a sociedade muda-e as tradições também mudam.

    Também gostei do exemplo sobre a "indiferença".

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