DEUS EXISTE? – 2
Peço desculpas por não ter sabido me expressar de forma clara e inteligível. Usei o termo “entidade” para me referir a Deus, quando na verdade não considero que ele seja uma “entidade”, um “ente”, uma “consciência” ou uma “personalidade”. Isso seria antropomorfismo. Quando me refiro a Deus, quero significar a força que deu origem ao universo e sobre a qual acho que não temos capacidade de sequer formular uma idéia do que seja.
Na verdade, eu não acredito em nenhuma das hipóteses já levantadas e que podemos organizar sob os rótulos de: 1) Teísta; 2) Politeísta; 3) Deísta; 4) Panteísta; 5) Agnóstico e 6) Ateu.
1) Teísta seria aquele que acredita em um Deus criador de tudo, amoroso, atento a nossas vidas e que no final dos tempos irá julgar cada pessoa, dando-lhe o destino merecido para toda a eternidade. São 3 as maiores religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, todos derivados da pessoa de Abrahão e compartilhando Antigo Testamento.
2) Politeísta é o que acredita não apenas em um, mas em vários deuses, como na antiguidade da Grécia, Roma, Egito, Escandinávia, etc. Atualmente quase que somente o Hinduísmo é uma religião politeísta.
3) Deísta seria a crença em que uma entidade mística criou o universo e criou suas leis, mas daí para a frente não mais tomou conhecimento ou interferiu no mundo físico, ignorando completamente a raça humana e deixando as coisas seguirem seu caminho de acordo com as leis que estabeleceu.
4) Panteísta é aquele não reconhece a existência de uma personalidade ou consciência que teria criado o universo. Não acredita em um Deus sobrenatural. Tem, isso sim, uma enorme admiração por tudo que existe, mas usa a palavra Deus como sinônimo não sobrenatural para a natureza, ou para o universo, ou para a ordem que governa seu funcionamento.
5) Agnóstico é aquele que acredita ser impossível algum dia chegar a uma conclusão sobre o assunto e que não existe probabilidade maior ou menor em relação à veracidade das várias correntes.
6) Ateu, por último, é aquele que nega a existência de Deus, seja como uma entidade ou como o conjunto das leis e fenômenos naturais. Reconhece a existência destas leis e destes fenômenos, mas nega peremptoriamente que tenham sido criadas por uma força inteligente. Que eu saiba, as únicas religiões ateístas são o Budismo, Taoísmo e Confucionismo.
Eu disse que não acredito em nenhuma das hipóteses, mas é claro que isto significa apenas que não tenho fé em nenhuma delas, mas certamente alguma delas deve ser verdadeira. Eu dei a impressão de ser só Deísta, mas admito o Ateísmo. Quanto ao Panteísmo, creio ser apenas uma forma romântica e bucólica de encarar a natureza, emocionando-se com as leis e os fenômenos, mas sendo na verdade um ateísmo. Já o Agnosticismo, durante muitos anos eu me declarei agnóstico, mas abandonei esse rótulo quando percebi que isso é apenas “ficar em cima do muro” e não se comprometer. Não acho que todas as hipóteses tenham a mesma probabilidade de serem corretas. Por isso, fico entre o Deísmo e o Ateísmo (este último tem a convicção absoluta da inexistência de Deus e nesse sentido tão fanática quanto o Teísmo). Já para o Teísmo e o Politeísmo considero ínfimas as suas probabilidades.
Nunca poderão conviver a fé e a ciência. Elas são antagônicas.
A fé é acreditar e ter certeza de alguma coisa sem provas. Acreditar apenas porque acredita. Já a ciência formula apenas teorias baseadas em observações e procura confirmar ou descartar essa teoria pela prática experimental. A ciência está sempre buscando aumentar ou modificar o conhecimento, refutando uma teoria quando ela se mostra falha. Se um dogma da igreja vier algum dia a ser confirmado por experiências, deixará de ser um dogma da religião e passará a ser uma teoria científica que estará sujeita a ser confirmada ou rejeitada por futuras experiências e conhecimentos.
Foi por isso que eu qualifiquei o ateísmo convicto de tão fanático quanto o teísmo.
Atualmente encontra-se amplamente vitoriosa a teoria de que ocorreu o Big-Bang há cerca de 13,7 bilhões de anos. Antes do Big-bang, não existia o complexo espaço-tempo e por isso é (atualmente) vitoriosa a teoria de que o universo passou a existir no momento em que ocorreu o Big-bang. Ele foi criado pelo Big-Bang e não sabemos o que teria causado esse fenômeno.
Desta forma, não existia tempo antes do Big-Bang, assim como não existia espaço e nunca se pode dizer que algo “sempre existiu”, seja esse algo o universo ou Deus. O que iniciou o Big-Bang foi um fenômeno desconhecido, porque antes do Big-Bang não existia nada de físico, seja espaço, tempo, matéria ou energia e esse fenômeno não poderia ser físico tal como conhecemos a física. Pode-se chamar apenas metaforicamente esse fenômeno não-físico de Deus.
Um abraço,
Alzir Fraga
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