sábado, 5 de maio de 2012

VAMOS RADICALIZAR



VAMOS RADICALIZAR

Eu recebi há algum tempo um email de diversas pessoas encaminhando o Guia Rápido de Ortografia" do G1. É excelente. Dos diversos que recebi, este é sem dúvida o melhor e mais simples para consulta. Recebi também de diversas pessoas, um email muito engraçado encaminhando fotografias de placas e tabuletas escritas de forma totalmente errada. A gente morre de rir com as burradas dos capiaus ignorantes.

Mas esses dois emails me fizeram ficar matutando sobre a ortografia e sua evolução, a etimologia das palavras e as reformas ortográficas de 1943 e 1971, além da atual. Tudo muito bonito, muito sábio, muito culto, honrando os eruditos que foram seus autores. Mas o que tem isso a ver com a pessoa comum?

Não tenho nada contra a atual reforma ortográfica, da mesma forma que dou graças a Deus por terem sido levadas a cabo as anteriores.
Não tomei conhecimento da reforma de 1943, mas enfrentei a de 1971 e tive que me acostumar. No princípio, sempre que sai uma dessas reformas, a gente estranha muito e custa a assimilar, mas depois se percebe que a forma antiga de se escrever era muito pior.
Cada vez que eu leio algum trecho escrito na ortografia de antigamente eu fico espantado e considero idiota aquela forma de escrever.
Quer um exemplo?
Veja no anexo um trecho do livro Helena, de Machado de Assis, em edição publicada em 1929 e o mesmo trecho republicado em 1963.

======================
Desta forma, escrever "sósinho", por exemplo, é considerado errado nos dias de hoje, mas estava absolutamente correto em 1929, como podemos ver no trecho extraído da obra de Machado de Assis editada nessa época. Analogamente, como também podemos observar no trecho em questão, escrever "rezou" com "s" era corretíssimo.
No entanto, como saber qual é a forma correta de escrever uma determinada palavra? Será que simplesmente decorar regras resolve?
Embora muito provavelmente a maioria das nossas dúvidas não sejam relativas às mudanças que a grafia das palavras sofreu de uma reforma ortográfica e outra, olhar para elas ajuda a entender a arbitrariedade de algumas formas ortográficas.
Assim, por exemplo, como saber se determinada palavra se escreve com "s" ou com "z"? Observando os trechos extraídos das duas diferentes edições de Helena, encontramos as mudanças: resou > rezou. Com base nisto, alguém poderia perguntar: por que o mesmo não aconteceu com formas parecidas, como "pesou", "casou", entre outros, e continuamos escrevendo-as com "s"?
O fato é que a ortografia, como vimos, é altamente convencional, no sentido de que não é uma cópia de como se fala.

======================

"O fato é que a ortografia, como vimos, é altamente convencional, no sentido de que não é uma cópia de como se fala"

Agora eu pergunto: E POR QUE NÃO?

Por que ficar obrigando a gente a decorar a grafia das palavras, a saber sua etimologia, se ela deriva do grego, do latim ou do árabe, a saber se o prefixo terminado em vogal ou consoante deverá ter hífen quando se unir a palavra iniciada com a mesma letra ou com "r" ou com "h", e também se a palavra paroxítona terminada em ditongo ou hiato deve ser acentuada ou não?
E as exceções que foram mantidas para cada uma dessas regras?

Depois a gente vai continuar cometendo uma série enorme de erros pelo resto da vida, ao mesmo tempo em que debochamos dos capiaus que escreverem "Cãos Brábus" ou "Caxorros Pudos" em suas tabuletas...
Faz sentido?

Acho muito boas todas as mudanças que foram levadas a efeito nesta reforma, assim como nas anteriores, mas acho que continuamos a ser muito tímidos nas mudanças ortográficas.
Nós não poderemos decorar todas as regras e a etimologia de cada vocábulo para escrever correto e ainda vamos exigir que as pessoas menos instruídas venham também a fazer o mesmo?

Então, O QUE SE DEVE FAZER?

Como disse antes, por que não ser a ortografia uma cópia de como se fala?
Por que não se escreve e lê: O "s" com som de "s", o "z" com som de "z", o "c" com som de "c" e assim por diante?

"Casado" se escreveria "cazado", porque o "s" neste vocábulo tem som de "z".
"Em cima" se escreveria "em sima", porque aí o "c" tem som sibilante.
"Quase" se escreveria "cuase", porque é assim que se pronuncia.
"Chuva" se escreveria "xuva"
"Hotel" se escreveria "otel", porque o "h" não tem som nenhum neste vocábulo, mas "chamar" se escreveria "xamar", porque o "h" muda o som do "c" para o som do "x".

Sei que a minha proposta é radical e seria terrível nos acostumarmos com essa nova grafia a princípio, mas acho sinceramente que não basta ficar fazendo maquiagem em prestações e deixando um monte de exceções.
Devemos exigir que o povão decore todas essas regras e exceções?
Os eruditos da Academia Brasileira de Letras não são os donos da língua portuguesa. O povo é o dono. Por isso, devemos facilitar ao máximo as coisas para o povo e não complicá-las. Pelo menos, essa é a minha opinião.

3 comentários:

  1. Regra do uso do "m" antes do "p" e "b" e no final das palavras, pra quê? Troca tudo por "n"...

    ResponderExcluir
  2. Concordo plenamente com o meu prezado amigo. Esqesi o nome de um livro escrito totalmente dentro desa idéia, como proposta de alterasão da ortografia.

    ResponderExcluir