segunda-feira, 28 de maio de 2012




Eu peço que não me entendam mal. Não vou falar aqui de política, mas tão somente de história 
======================================================================
Há dias eu postei no Google Plus o link para o Youtube onde está a canção *"Para não dizer que não falei de flores"* , de Geraldo Vandré e comentei:
*"Isso foi realmente uma participação na luta contra a ditadura militar. Quem pegava em armas e praticava atentados terroristas, sequestros de embaixadores e assaltos a bancos ajudaram apenas na manutenção da ditadura, no fortalecimento daqueles que pregavam o aumento da repressão, das torturas, das mortes e dos desaparecimentos. Vocês vão ficar sabendo o que diz a história, mas nós que vivemos o período que antecedeu o golpe militar de 1964 e todo o desenrolar dos acontecimentos sabemos que a história não é o que nos é apresentado. Pelo menos, não é só isso. Há muitas coisas que vão ficar no esquecimento, pessoas honestas e heróicas vão passar à história como bandidos e bandidos vão passar como heróis e mártires."*
Todos sabem que em 1964 os militares deram um golpe para depor o presidente e assumiram o poder na mais cruenta ditadura que se tem notícia, com censura, prisões arbitrárias, tortura e assassinato de inocentes que desejavam tão somente restabelecer a democracia neste país.
Vocês sabem que as coisas se passaram assim porque é isso que ficou registrado, é isso que é ensinado e é isso que vai passar para a história.
Bem, a coisa não foi bem assim. Não pretendo defender nenhuma dessas barbaridades que foram, realmente cometidas pela "linha dura" das forças armadas e polícia organizada em DOI-CODI. Eu acompanhei os anos que antecederam o golpe militar.
Mais que isso, eu acompanhei a oposição da "Banda de música" da UDN contra o governo de Getúlio Vargas, acompanhei o medo de que o jornalista Carlos Lacerda viesse a sofrer um atentado por parte da guarda pessoal de Getúlio e, como Lacerda contava com a simpatia da Aeronáutica, ele passou a ser acompanhado em todos os momentos por alguns oficiais daquela força que se revezavam nessa função. Acompanhei quando Lacerda sofreu um atentado na Rua Toneleiros, em Copacabana, sendo atingido no pé e o oficial que o acompanhava morreu.
A polícia fez o inquérito e não deu em nada, mas como o morto era um oficial da Aeronáutica, foi instaurado um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar o crime e esse inquérito esclareceu que foram realmente homens da guarda pessoal de Getúlio Vargas, comandados pelo homem de confiança Gregório Fortunato que tinham cometido o crime. Descobriram muito mais coisas, a ponto de Getúlio ter dito que desconhecia o "mar de lama" que corria sob o Palácio do Catete. Em 1954 Getúlio suicidou com um tiro no coração e quase ocorreu a guerra civil aqui no Brasil, mas acabou assumindo o vice Café Filho.
Em 1956 assumiu o presidente eleito Juscelino Kubischeck, que imprimiu um governo desenvolvimentista com a instalação da indústria automobilística e a mudança da capital para Brasília. Seu lema era "Cinquenta anos em cinco".
Em 1961 assumiram o presidente Jânio Quadros, eleito com o apoio da UDN e o vice-presidente João Goulart pertencente ao PTB (naquela época presidente e vice não eram uma chapa única). Jânio Quadros assumiu com uma promessa de "fazer uma limpeza" na administração pública, tanto que seu símbolo era uma vassoura. Não fez nada e começou a surpreender com atos inesperados, como governar por meio de "bilhetinhos", usar slack e não terno, proibir lança-perfume e brigas de galo. Era a época da Guerra Fria e Jânio Quadros surpreendeu a UDN, sua base de apoio e todo o país ao condecorar o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, que tinha auxiliado Fidel Castro a derrubar Batista em Cuba e após a vitória instalou o regime comunista com o apoio da União Soviética. Depois de nove meses de governo, Jânio renunciou repentina e inesperadamente deixando uma carta alegando apenas que "forças terríveis" o impediam de fazer o governo que pretendia. Na verdade, Jânio sabia que os militares não aceitariam que Jango assumisse a presidência, ainda mais que Jânio escolheu para renunciar justamente a época em que Jango estava em visita oficial à China comunista. Jânio esperava que sua renúncia não fosse aceita e que lhe fossem dados poderes extraordinários para superar as alegadas "forças terríveis". Mas ele se deu mal. O Congresso instala no Brasil o parlamentarismo. Jango seria o presidente e chefe da nação, mas o chefe de governo seria o mineiro Tancredo Neves.
Assim foi feito, mas estava previsto um plebiscito para confirmar o parlamentarismo e Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, fez uma campanha muito eficiente alegando que queriam que o presidente se tornasse apenas uma "rainha da Inglaterra" que não mandaria nada e o parlamentarismo foi derrotado no plebiscito, restabelecendo-se o presidencialismo com Jango na chefia do governo.
No seu governo houve constantes problemas criados pela oposição militar, em parte devido a seu nacionalismo e posições políticas radicais como a do Slogan "Na lei ou na marra" e "terra ou morte", em relação à reforma agrária. O governo de João Goulart foi marcado por alta inflação, estagnação econômica e uma forte oposição da Igreja Católica e das forças armadas que o acusavam de permitir a indisciplina nas Forças Armadas e de fazer um governo de caráter esquerdista. A indisciplina militar chegou ao ponto de sargentos da marinha jogarem oficias por cima da amurada dos navio para o mar. Houve uma série de tumultos como o congresso no Automóvel Clube e o comício na Central do Brasil, com a presença de Jango e de Brizola, então governador do Rio Grande do Sul.
Havia muita revolta pública contra essa situação e  em 19 de março de 1964, aconteceu a chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Supostamente, congregou meio milhão de pessoas em repúdio ao presidente João Goulart e ao regime comunista vigente em outros países(comunismo).
As Reformas de Base estavam programadas e o golpe militar ficou planejado para o dia 8 de abril de 1964, mas em 31 de março de 1964 o general Olympio Mourão Filho, então comandante da Quarta Região Militar em Juiz de Fora, desceu com suas tropas e seus blindados em direção ao Rio de Janeiro, surpreendendo até o alto comando do Exército, que tinha outros planos. O então Chefe do Estado Maior do Exército, general Castelo Branco, ainda tentou ligar para o governador de Minas Gerais para parar o movimento, mas já era tarde e, se desistissem da marcha, os que tinham programado a mudança para o regime comunista já estariam alertados para a resistência.
Jango não quis a guerra civil e partiu para sua fazenda no Uruguai, enquanto Brizola tentou a resistência quanto pode até que teve que também deixar o país. Os líderes civis do golpe, foram os governadores dos estados do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, de Minas Gerais, Magalhães Pinto e de São Paulo, Adhemar de Barros. A maioria dos militares que participaram do golpe de estado eram ex-tenentes da Revolução de 1930, entre os quais, Juraci Magalhães, Humberto de Alencar Castelo Branco, Juarez Távora, Médici, Geisel e Cordeiro de Farias.
Entre as características adquiridas pelos governos decorrentes do golpe militar, também chamado de "Revolução de 1964" e de "Contra-Revolução de 1964", destacam-se o combate à subversão praticadas por guerrilhas de orientação esquerdista, a supressão de alguns direitos constitucionais dos elementos e instituições ligados à tentativa de golpe pelos comunistas, e uma forte censura à imprensa, após a edição do AI-5 de 13 de dezembro de 1968.
O golpe de estado foi chamado de "Contra-Revolução de 1964" porque os golpistas estavam tentando impedir uma provável revolução comunista no Brasil, nos moldes da recém ocorrida revolução cubana ocorrida anos antes,
Quem tiver interesse em maiores detalher, indico o site da Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_de_Estado_no_Brasil_em_1964

O presidente câmara dos deputados, Ranieri Mazili assumiu a presidência e Castelo Branco foi eleito pelo Congresso para presidente e para mim foi um democrata e pretendia o restabelecimento da democracia assim que possível, mas neste período, intensificou-se a luta armada nas cidades e no campo em busca da derrubada do governo militar. Praticamente, tudo teve início com o atentado no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, em 1966, com diversos mortos e feridos, e em diversos outros pontos do país, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Foi após a configuração desta conjuntura de terror e justiçamentos da parte dos grupos comunistas que a censura teve sua implantação consolidada.
As forças armadas estavam divididas e uma parte constituía a "Linha dura", que só aceitava a restauração da democracia após o fim do perigo comunista..
Em 15 de março de 1967 foi outorgada por Castelo Branco a sexta Constituição do Brasil. Ela não era autoritária, mas Castelo Branco teve que aceitar que o Congresso elegesse Costa e Silva para presidente, ficando o civil mineiro Milton Campos para vice-presidente, Em 13 de dezembro de 1968, Costa e Silva fechou o Congresso Nacional e decretou o Ato Institucional nº 5, o AI-5, que lhe deu o direito de fechar o Parlamento, cassar direitos políticos e suprimir o direito de habeas corpus. Em 1969, é feita uma ampla reforma da constituição de 1967, conhecida como emenda constitucional nº 1, que a torna mais autoritária.
Em 1969, Costa e Silva teve uma trombosa durante uma viagem aérea, mas o seu chefe de gabinete, general Jaime Portela, mandou vários guarda-costas o ampararem para disfarçar e escondeu o seu estado de saúde, porque quando foi decretado o Ato Institucional nº 5, o AI-5, o documento foi assinado por Costa e Silva e por todos os seus ministros, mas o vice-presidente Milton Campos se recusou a assiná-lo por considerar um atentado à democracia (o que realmente era verdade). Eles não aceitavam que o vice-presidente assumisse a presidência e novo golpe foi perpetrado, assumindo a presidência uma junta formada pelos três ministros militares, da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Eles não aceitavam o retorno da democracia porque a violência armado dos grupos comunistas continuava atuante.
Em outubro, o general Médici tomou posse como presidente eleito pelo Congresso Nacional que ele pediu que fosse reaberto. Médici comandou o período de maior repressão aos grupos esquerdistas que combatiam a ditadura militar, em especial, a repressão aos grupos de revolucionários e guerrilheiros marxistas, com suspeitos e colaboradores sendo presos, ocasionalmente exilados, torturados e/ou mortos em confrontos com as forças policiais do Estado. Em 1969, os guerrilheiros atacaram o Quartel general do II Exército, atual Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, quando morreu o soldado Mário Kozel Filho.
No governo Médici teve início o movimento guerrilheiro no Araguaia e a realização de sequestros de embaixadores estrangeiros e assaltos a bancos comerciais por grupos de esquerda. Estes sequestros eram usados, em sua maioria, como forma de pressionar o governo militar a libertar presos políticos.
Em 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a presidência, tendo que enfrentar grandes problemas econômicos, causados pela dívida externa criada pelo governo Médici, agravados pela crise internacional do petróleo, e uma alta taxa de inflação. Geisel iniciou a abertura democrática "lenta, gradual e segura". Geisel era da linha democrática. Quando morreu nos porões do II Exército o jornalista Wlademir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura ele deu um ultimado ao comandante general Everardo e dias depois morreu o operário Manoel Fiel Filho. Os dois assassinatos foram interpretado pelo governo como sinal de que a linha dura,  estava descontente com a abertura política. Em represália, Geisel demitiu o comandante do II Exército e colocou em seu lugar um militar moderado, o general Dilermano Monteiro e, como o seu Ministro do Exército, general Sílvio Frota, não aceitasse esse ato, Geisel demitiu também Silvio Frota do Ministério. Geisel e Silvio Frota convocaram a Brasília todos os comantantes de Exército e, quando eles chegavam no aeroporto, haviam sempre dois carros oficiais à espera, um enviado pelo presidente e outro pelo ministro do exército. Fosse o presidente um civil e certamente seria derrubado, mas todos foram ao Palácio do Planalto para a reunião com o presidente da república e o ex-ministro do exército teve que aceitar sua exoneração. Após a redemocratização do país, contabilizou-se mais de trezentos mortos, de ambos os lados.
Por isso, sustento que quem manteve a ditadura militar por tantos anos no poder foram os guerrilheiros comunistas. O próprio ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, participante do grupo que sequestrou o embaixador americano Charles Burke Elbrick, declarou recentemente que nunca houve nenhum guerrilheiro armado que tivesse lutado pela restauração da democracia no Brasil. Todos, absolutamente todos sempre lutaram para derrubar a ditadura militar e para colocar em seu lugar a ditadura comunista. Quem lutou pela redemocratização do país foram Ulisses Guimarães, Mario Covas, Franco Montoro, Teotônio Vilela, Tancredo Neves e outros tantos, esses sim, heróis e não bandidos sanguinários como os que pegaram em armas e derramaram sangue de inocentes para destruir a democracia de vez neste país.
Como sempre tenho afirmado em todos os meus posts e artigos, não sou dono da verdade, mas temos que reconhecer que eu vivi esses anos atribulados, ocupei um cargo no qual eu decidia casos que interessavam à Segurança Nacional, acompanhei a ação violenta dos grupos armados e tinha certeza de que os réus presos eram torturados, pois não havia motivo para que confessassem tudo e delatassem os companheiros enquanto presos e viessem em juízo negar tudo e afirmar que tinham confessado sob tortura. Enquanto ainda estava em vigor o AI5 eu sofri pressão do alto comando militar para não permitir que os presos relatassem essas "calúnias contra as forças armadas" e resisti, recusando-me a atender esse absurdo, e saí da reunião com as pernas trêmulas imaginando que o Diário Oficial do dia seguinte poderia trazer o decreto pelo qual "o presidente da república, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, resolve *demitir* o Juiz-auditor Alzir Carvalhaes Fraga". Sem processo, sem inquérito e sem direito de recorrer ao Poder Judiciário. Conheci pessoalmente três presidentes da República, vários ministros, um monte de generais, inclusive o Jaime Portela e vários governadores. Falo de conhecimento próprio.
Se quiserem saber como era o clima por ocasião do golpe militar e anos que se seguiram, assistam aos vídeos do Youtube:
1) http://www.youtube.com/watch?v=UeXIrPc_O8o
2) http://www.youtube.com/watch?v=-ow8bwE3fhw

Eles não contêm toda a verdade, nada fala sobre os atentados aos direitos humanos, torturas e assassinatos também cometidos por militares e policiais, mas o que está ali narrado é verdade. Atualmente todos querem participar do poder exclusivamente para se beneficiar, se corromper, enriquecer e enriquecer toa a família e os amigos. O que tinham por objetivo os militares que deram o golpe de 1964? Será que eles também só se interessavam pelas vantagens pessoais?

 OS GENERAIS PRESIDENTES... COMPARAÇÕES     (JORNALISTA CARLOS CHAGAS).

"Erros foram praticados durante o regime militar; eram tempos difíceis. Claro que no reverso da medalha foi promovida ampla modernização de nossas estruturas materiais. Fica para o historiador do futuro emitir a sentença para aqueles tempos bicudos."

Mas uma evidência salta aos olhos.

1) Quando Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.

2) Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace  no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.

 3) Garrastazu Médici dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu, precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.

 4) Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha  vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio.

 5) João Figueiredo, depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio  do Dragão, em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade.  Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à venda, ao que parece em estado lamentável de conservação.

Não é nada, não é nada, mas os cinco generais-presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não enriqueceram nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos. Sequer criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para  consultorias e palestras regiamente remuneradas.
Bem diferente dos tempos atuais, não é? "
Centenas de politicos, também trilharam e trilham o mesmo caminho. Se fosse aberto um processo generalizado de avaliação dos bens de todos politicos, garanto que 95% não passariam, ié, seria comprovado destes o enriquecimento ilícito. Como diria Boris Casoy: "Isto é uma vergonha" e pior, ninguém faz nada.
E viva a "comissão da verdade"!

domingo, 6 de maio de 2012

MORANGOS COM CREME DE CHANTILLY OU MINHOCAS?



MORANGOS COM CREME DE CHANTILLY OU MINHOCAS?

Alguns amigos do Google+ devem ter estranhado que eu tenha passado a enviar não mais em *Public* , mas apenas para um círculo os posts sobre os argumentos favoráveis ou contrários à existência de Deus. Esta mensagem é para esclarecer o motivo desse aparente paradoxo.
Não estranhem o título da mensagem. "MORANGOS COM CREME DE CHANTILLY OU MINHOCAS?" expressa exatamente a razão desse procedimento e quem tiver a paciência e o interesse de ler até o fim, perceberá essa ligação.
Quando eu tinha 14 para 15 anos, terminei o curso ginasial e tive que escolher entre o curso Científico e o curso Clássico. No primeiro as Ciências Exatas e Biológicas eram mais exigidas, enquanto no Curso Clássico eram as Ciências Humanas.
Escolhi o segundo e no Curso Clássico eu estudei Português, Inglês, Francês, Espanhol, Latim e Grego pelos três anos do curso, além de Matemática, Física, Química e FILOSOFIA. Isso fez a diferença em minha vida.
Não adianta me perguntar o que é Filosofia, porque não existe nenhuma definição satisfatória. Para entender o que é, eu precisaria estudar primeiro a Filosofia e depois a Metafilosofia. Só então eu teria condições de entender o que é, mas não conseguiria explicar para outra pessoa.
Dentre as diversas áreas da Filosofia, havia uma que sempre me apaixonava e esta área é a Lógica. Além de interessante, é extremamente útil em nossas vidas, seja para um médico, engenheiro ou advogado. Não é essencial em qualquer área saber analisar um argumento e verificar se ele é falso ou verdadeiro?
Creio que foi por esse motivo que eu sempre fui muito crítico e difícil de aceitar qualquer argumento sem concordar que atende aos ditames da lógica. Quando cursei por um ano a Escola Superior de Guerra no Rio, meus colegas chegaram a me chamar de "terrorista dialético", tamanha era a frequência com que contestava e derrubava argumentos.
Muita gente costuma, quando vai a algum consultório e tem que esperar a vez, ficar olhando para a televisão ligada, mesmo que esteja passando um desenho infantil ou um programa de culinária.
Ou então pega e começa a ler um exemplar antigo da revista "CARAS". Eu, pelo contrário, aproveito essas ocasiões para simplesmente pensar. Nas salas de espera dos consultórios pensam até que estou dormindo, porque me recosto e fecho os olhos enquanto penso.
No raciocínio lógico, um silogismo é composto por duas premissas e uma conclusão. No tipo mais frequente de silogismo, a primeira premissa atribui uma qualidade a uma classe, a segunda premissa inclui um indivíduo ou um grupo nesta classe e a conclusão atribui a qualidade da classe ao indivíduo ou grupo.
Parece complicado?
Um exemplo clássico vai mostrar que é a coisa mais simples do mundo.
Primeira premissa: "Todos os homens morrem".
Segunda premissa: "Os gregos são homens"
Conclusão: " Os gregos morrem".
Fácil, não é?
Já em um sofisma, uma das premissas é falsa ou o indivíduo ou grupo não está contido na classe. Exemplo:
Primeira premissa: "Fumar causa câncer no pulmão"
Segunda premissa: "João fuma"
Conclusão: "João está com câncer no pulmão"
Onde está o êrro?
A conclusão é falsa porque a primeira premissa não afirma que TODOS os que fumam estão com câncer no pulmão.
João pode não ter câncer no pulmão... ainda. Ou pode ser que nunca venha a ter.
Mas o que é que isso tem a ver com o fato de eu parar de mandar posts em Public?
Calma! Eu chego lá.
====================================================
Recebo muitos posts dos amigos encaminhando textos, imagens, vídeos, etc. As que eu considero muito boas e que ainda não tenha enviado, eu repasso. Faço isso com o objetivo único de que meus amigos tenham o mesmo prazer que eu tive ao recebê-las, é claro.
Mas quando recebo os diversos posts, eu não leio e imediatamente ignoro ou repasso. Muitas delas defendem um ponto de vista, apresentam uma tese, argumentos ou opiniões. Para estas eu reservo mais tempo. Paro a leitura e fico pensando sobre o que foi exposto na mensagem.
Será que o ponto de vista é correto? Será a tese válida? São os argumentos silogismos perfeitos ou contêm algum sofisma? A opinião adotada é a mais provável de corresponder à realidade frente aos fatos conhecidos? Resumindo, eu penso e acho que essa atividade é tão ou muito mais prazeirosa que simplesmente ler e curtir a beleza da mensagem.
Nós temos 86 bilhões de neurônios em nosso cérebro e cada um deles possui em sua membrana exterior vários ramos extensos chamados dendrites (que recebem sinais elétricos de outros neurônios) e outra estrutura chamada axônio(que envia os sinais elétricos). O espaço entre essas “antenas” dos neurônios e as “antenas” do neurônio próximo é que é chamada de “fenda sináptica”. Os sinais elétricos são transportados através das sinapses por sustâncias químicas chamadas “neurotrasmissores”.
Pombas! Isso é tão bacana, tão lindo e espetacular que não podemos desperdiçar os bilhões de anos em que a natureza foi aperfeiçoando a primeira forma de vida a surgir na Terra para nos dotar de tamanha capacidade (ou o imenso amor de Deus ao nos presentear com essa estrutura tão maravilhosa).
Está mais que comprovado que, assim como o corpo se beneficia da atividade muscular e aeróbica para se manter em forma e saudável, o cérebro também precisa de atividade mental para se manter em forma e saudável. Fazer palavras cruzadas, cálculos mentais ou aprender uma nova língua ou qualquer nova atividade força o cérebro a criar novas sinapses e fortalecer as já existentes.
Então, gente, vamos pensar!
Anos atrás eu recebi de um amigo a mensagem “O barbeiro e o freguês”, na qual o barbeiro defendia a inexistência de Deus por não acabar com as misérias e o freguês ficou quieto, mas voltou depois acompanhado de um mendigo barbudo e cabeludo.
Disse ao barbeiro que barbeiros não existem porque se existissem não haveriam barbudos e cabeludos como aquele mendigo. Ante a declaração do barbeiro de que o mendigo não o procurara, afirmou o freguês que Deus também não ajudava muita gente porque essas pessoas não o procuravam.
Esse é o tipo de mensagem a que me referi como sendo as que me fazem parar a leitura e meditar sobre o assunto. Pensei, pesei e analisei os argumentos apresentados por ambas as partes, não apenas achando bonita a mensagem e passando adiante, mas examinando tudo sob o aspecto lógico.
Respondi ao amigo que me enviara a mensagem, divulguei meus pensamentos e minhas conclusões a todos os demais, incluí neste blog e postei depois de ingressar no G+, pois eu não quero apenas e tão somente repassar os textos e apresentações que eu acho bonitos ou engraçados. Vocês podem fazer uma idéia de alguns aspectos de minha personalidade apenas constatando as mensagens que eu repasso. Se eu repasso uma mensagem, é porque eu vi naquela mansagem algo que me agradou.
Só que eu quero que os meus amigos me conheçam. Quero que saibam como eu sou, como eu penso e como eu sinto. Quero que apreciem o texto que eu pensei e escrevi e não o poema de Fernando Pessoa que eu repassei. Se vocês gostarem do poema, serão amigos de Fernando Pessoa e não meus amigos. Por isso eu quis e quero abrir o meu interior e ser avaliado por aqueles que eu quero que sejam meus amigos.
É claro que vocês verão coisas e aspectos que lhes agradarão muito e me admirarão por isso. Mas verão também outros aspectos que não lhes agradarão e podem ficar decepcionados ou desiludidos comigo. Mas se eu sou assim, quero que saibam que tipo de pessoa eu sou, para que me aceitem ou não e para que sejam ou não meus amigos e não do Fernando Pessoa.
O meu objetivo com a mensagem era mostrar os meus pensamentos e minhas opiniões. Eu deixei bem claro que não pretendo atacar, debochar ou menosprezar a fé de ninguém. Isso não tem nada a ver com a fé e sim com argumentos e raciocínio lógico. Não busco acólitos.
Se você é cristão, ótimo para você e espero que sua fé lhe ajude muito em sua vida. Se é muçulmano, ótimo para você. Se é espírita, ótimo para você. Se é ateu, ótimo para você. Nenhuma religião ou falta dela irá impedi-los de trocar idéias sobre filosofia.
Um dos maiores filósofos e por quem eu tenho respeito é São Tomaz de Aquino. Sócrates não era cristão, nem Platão, nem Aristóteles, nem Schopenhauer, nem tantos outros. Por isso não vão ler e estudar suas obras?
Eu me correspondo com muita gente e enviei a mensagem para todos. Esperava que alguns concordassem comigo, alguns aceitassem alguns argumentos mas rejeitassem outros, alguns discordassem totalmente e eu adoraria receber principalmente destes últimos os motivos e argumentos que apresentassem para justificar sua discordância.
Posteriormente, recebi mais uma mensagem que me fez parar para meditar sobre o assunto. A mensagem encaminhava um vídeo no qual o professor afirmava que, se Deus tinha criado tudo, teria criado também não só o bem, mas também o mal. Logo, ou Deus era mau ou não existia. Foi quando um aluno perguntou ao professor se o frio existia. O professor responde que é claro que existe, mas o garoto nega a existência do frio, ele diz que o que existe é o calor e o frio é justamente a ausência de calor. Da mesma forma, a escuridão não existe, porque a escuridão é simplesmente a ausência de luz. O mesmo se daria com o bem e o mal. O que existe é o bem e o mal nada mais é do que a ausência do bem, que resume o amor de Deus. O vídeo ainda afirma que o nome do aluno era Albert Einsten.
Foi a mensagem em que o remetente colocou o título de “Deus existe? Einsten”. Certamente esse título foi colocado fazendo a ligação com minhas mensagens anteriores e acrescentando a opinião de Einsten. Essa mensagem também continha opiniões e argumentos e eu pensei e analisei essas opiniões e argumentos, tirando eu mesmo minhas próprias opiniões e argumentos. E tentei mais uma vez encaminhar a todos os amigos apresentando os meus pensamentos, a minha análise e minhas conclusões. Eu queria que cada um pusesse seus neurônios para trabalhar e cada um tirasse suas próprias conclusões e mostrasse seus próprios argumentos.
Como eu tenho uma coleção de argumentos filosóficos favoráveis e contrários à existência de Deus, iniciei o envio de cada um desses argumentos juntamente com os contra-argumentos da posição oposta. Interesse puramente filosófico. Mas eu percebi que estava tocando em um nervo muito sensível para muitos colegas. Acho que isso se deve a confundir fé com crença. A fé independe de argumentos ou provas e pode até se sentir ofendida quando algum fato ou algum argumento contrário à sua fé é apresentado. Sobre fé eu não argumento e desejo que cada um seja feliz com a fé que possui. Não é minha vontade criar constrangimentos de qualquer espécie, principalmente para pessoas que eu considero amigas e sempre me trataram com a maior educação e respeito.
Foi então que eu me lembrei de um texto escrito há muitos anos por Dale Carnegie. O nome do livro é “Como fazer amigos e influenciar pessoas”.
Não me lembro exatamente como era esta parte a que estou me referindo, mas lembro que ele gostava de pescar. Pessoalmente, ele adorava a sobremesa composta por morangos com creme de chantilly, mas por alguma razão que ele não conseguia entender, os peixes gostam mesmo é de minhocas.Por isso, quando ia pescar, seu primeiro cuidado era não colocar morangos com creme de chantilly como isca no anzol. Ele colocava no anzol uma minhoca e oferecia aos peixes perguntando:”Vocês não gostariam de saborear esta suculenta minhoca?”
É claro que eu não quero pescar os destinatários de meus posts, mas quero enviar posts que sejam agradáveis para eles e não os que são agradáveis para mim. Eu gosto de astrofísica, teoria da relatividade, mecânica quântica, filosofia, lógica, gosto de pensar e analisar argumentos, mas os posts que eu recebo são em sua maioria humorísticos, românticos, religiosos. Então eu não devo enviar mensagens que não são de seu agrado, assim como não devo oferecer aos peixes morangos com creme de chantilly. Se os peixes demonstram interesse por minhocas, é isso que eu devo lhes oferecer, certo? Se uma parte dos meus amigos gosta mesmo é de posts humorísticos e assuntos sérios não religiosos, é isso que eu devo continuar enviando.Certo?
Foi por isso que eu parei a enviar em Public os posts questionando a existência da divindade e continuar enviando sobre assuntos sérios, desde que diferentes daqueles que possam criar constrangimentos com pessoas que sempre procuraram ser agradáveis comigo. Não recebi nenhuma queixa, reclamação ou mesmo pedido. Foi uma atitude baseada tão somente no que eu achei que deveria fazer.
Consegui explicar bem e me fazer entender?

Um grande abraço,

Alzir Fraga

sábado, 5 de maio de 2012

VAMOS RADICALIZAR



VAMOS RADICALIZAR

Eu recebi há algum tempo um email de diversas pessoas encaminhando o Guia Rápido de Ortografia" do G1. É excelente. Dos diversos que recebi, este é sem dúvida o melhor e mais simples para consulta. Recebi também de diversas pessoas, um email muito engraçado encaminhando fotografias de placas e tabuletas escritas de forma totalmente errada. A gente morre de rir com as burradas dos capiaus ignorantes.

Mas esses dois emails me fizeram ficar matutando sobre a ortografia e sua evolução, a etimologia das palavras e as reformas ortográficas de 1943 e 1971, além da atual. Tudo muito bonito, muito sábio, muito culto, honrando os eruditos que foram seus autores. Mas o que tem isso a ver com a pessoa comum?

Não tenho nada contra a atual reforma ortográfica, da mesma forma que dou graças a Deus por terem sido levadas a cabo as anteriores.
Não tomei conhecimento da reforma de 1943, mas enfrentei a de 1971 e tive que me acostumar. No princípio, sempre que sai uma dessas reformas, a gente estranha muito e custa a assimilar, mas depois se percebe que a forma antiga de se escrever era muito pior.
Cada vez que eu leio algum trecho escrito na ortografia de antigamente eu fico espantado e considero idiota aquela forma de escrever.
Quer um exemplo?
Veja no anexo um trecho do livro Helena, de Machado de Assis, em edição publicada em 1929 e o mesmo trecho republicado em 1963.

======================
Desta forma, escrever "sósinho", por exemplo, é considerado errado nos dias de hoje, mas estava absolutamente correto em 1929, como podemos ver no trecho extraído da obra de Machado de Assis editada nessa época. Analogamente, como também podemos observar no trecho em questão, escrever "rezou" com "s" era corretíssimo.
No entanto, como saber qual é a forma correta de escrever uma determinada palavra? Será que simplesmente decorar regras resolve?
Embora muito provavelmente a maioria das nossas dúvidas não sejam relativas às mudanças que a grafia das palavras sofreu de uma reforma ortográfica e outra, olhar para elas ajuda a entender a arbitrariedade de algumas formas ortográficas.
Assim, por exemplo, como saber se determinada palavra se escreve com "s" ou com "z"? Observando os trechos extraídos das duas diferentes edições de Helena, encontramos as mudanças: resou > rezou. Com base nisto, alguém poderia perguntar: por que o mesmo não aconteceu com formas parecidas, como "pesou", "casou", entre outros, e continuamos escrevendo-as com "s"?
O fato é que a ortografia, como vimos, é altamente convencional, no sentido de que não é uma cópia de como se fala.

======================

"O fato é que a ortografia, como vimos, é altamente convencional, no sentido de que não é uma cópia de como se fala"

Agora eu pergunto: E POR QUE NÃO?

Por que ficar obrigando a gente a decorar a grafia das palavras, a saber sua etimologia, se ela deriva do grego, do latim ou do árabe, a saber se o prefixo terminado em vogal ou consoante deverá ter hífen quando se unir a palavra iniciada com a mesma letra ou com "r" ou com "h", e também se a palavra paroxítona terminada em ditongo ou hiato deve ser acentuada ou não?
E as exceções que foram mantidas para cada uma dessas regras?

Depois a gente vai continuar cometendo uma série enorme de erros pelo resto da vida, ao mesmo tempo em que debochamos dos capiaus que escreverem "Cãos Brábus" ou "Caxorros Pudos" em suas tabuletas...
Faz sentido?

Acho muito boas todas as mudanças que foram levadas a efeito nesta reforma, assim como nas anteriores, mas acho que continuamos a ser muito tímidos nas mudanças ortográficas.
Nós não poderemos decorar todas as regras e a etimologia de cada vocábulo para escrever correto e ainda vamos exigir que as pessoas menos instruídas venham também a fazer o mesmo?

Então, O QUE SE DEVE FAZER?

Como disse antes, por que não ser a ortografia uma cópia de como se fala?
Por que não se escreve e lê: O "s" com som de "s", o "z" com som de "z", o "c" com som de "c" e assim por diante?

"Casado" se escreveria "cazado", porque o "s" neste vocábulo tem som de "z".
"Em cima" se escreveria "em sima", porque aí o "c" tem som sibilante.
"Quase" se escreveria "cuase", porque é assim que se pronuncia.
"Chuva" se escreveria "xuva"
"Hotel" se escreveria "otel", porque o "h" não tem som nenhum neste vocábulo, mas "chamar" se escreveria "xamar", porque o "h" muda o som do "c" para o som do "x".

Sei que a minha proposta é radical e seria terrível nos acostumarmos com essa nova grafia a princípio, mas acho sinceramente que não basta ficar fazendo maquiagem em prestações e deixando um monte de exceções.
Devemos exigir que o povão decore todas essas regras e exceções?
Os eruditos da Academia Brasileira de Letras não são os donos da língua portuguesa. O povo é o dono. Por isso, devemos facilitar ao máximo as coisas para o povo e não complicá-las. Pelo menos, essa é a minha opinião.